21/12/2022 - 13:12
O fim de ano pode gerar estresse e ansiedade para quem aguarda 2023: a chamada Síndrome do Fim de Ano, segundo especialistas, é um fenômeno que fica presente neste período e pode acarretar sintomas parecidos com ansiedade, melancolia e depressão. A pressão das metas não cumpridas durante os 12 meses do ano, aumento de transtornos causados pela pandemia e crise financeira estão no top 3 de motivos para o aumento da sensação.
“No fim do ano existem diversos fatores que ganham peso: pessoas que perderam entes, por exemplo, acabam ficando mais tristes, já que o Natal e as festas remetem a momentos familiares. Isso gera uma melancolia, uma ansiedade exagerada e uma sensação de frustração”, explica Myriam Durante, psicoterapeuta especialista em Comportamento Humano.
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O que causa a Síndrome do Fim de Ano?
“Em todo começo de ano, é comum elaborar uma lista de metas. Porém, tais metas às vezes não se cumprem, tanto por motivos internos quanto externos. Ao chegar em dezembro, a pessoa retoma essa lista e pode ficar frustrada”, avalia a especialista.
Fora do Brasil, o fim de ano pode ser crucial para a depressão não apenas pela chegada da data, mas por razão sazonal: nos Estados Unidos, por exemplo, o Natal e o Ano Novo são marcados pelo inverno, quando os casos de depressão aumentam.
Segundo Rebeca Toyama, mestre em Psicologia Clínica e Administradora, o período da pandemia e a crise gerada devastaram a saúde mental da maioria das pessoas e que ainda sofrem com os resquícios, principalmente, no aspecto econômico. Segundo o Relatório Mundial da Saúde Mental de 2022, divulgado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), em todo mundo, casos de ansiedade e depressão cresceram mais de 25% na pandemia, e no Brasil, entre o período pré-pandemia e o 1º trimestre de 2022, foi registrado um aumento de 41% no diagnóstico médico de depressão, ultrapassando outras doenças.
Por isso, a especialista aponta que como 2022 foi um ano desafiador, onde ainda se observa altos índices de endividamento e incertezas no cenário socioeconômico, a saída para a população é fazer um planejamento eficiente para que o ano de 2023 cause menos danos à saúde mental.
Quais os sintomas da Síndrome do Fim de Ano?
“A Síndrome pode gerar sintomas diretamente relacionados à depressão e ansiedade”, explica Myriam: taquicardia, suor excessivo, mãos geladas e falta de sono são as mais comuns. A Biblioteca Virtual em Saúde, vinculada ao Ministério da Saúde, lista as seguintes reações:
- preocupações, tensões ou medos exagerados (a pessoa não consegue relaxar);
- sensação contínua de que um desastre ou algo muito ruim vai acontecer;
- preocupações exageradas com saúde, dinheiro, família ou trabalho;
- medo extremo de algum objeto ou situação em particular;
- medo exagerado de ser humilhado publicamente;
- falta de controle sobre os pensamentos, imagens ou atitudes, que se repetem independentemente da vontade;
- pavor depois de uma situação muito difícil.
O que fazer para evitar?
Myriam recomenda exercícios de respiração caso a pessoa tenha os sintomas. “Faça 3 respirações nasais caso tenha crise de ansiedade. Quanto mais se respirar pela boca, mais ansiedade a pessoa terá”, orienta. Se a crise for de teor grave, ela pode se tornar uma crise de pânico; neste caso, o exercício muda. “Ela [crise de pânico demora de 15 a 20 min. Para acalmar, basta pegar um saco de papel, tipo saco de pão, colocar sobre a boca e o nariz e fazer a mesma respiração, mas puxando e soltando pela boca”, sugere.
Exercícios físicos também são grandes aliados. A psicoterapeuta indica, porém, que devem ser feitos idealmente pela manhã, ou até 4h antes de dormir. “Como a ansiedade costuma atrapalhar o sono, os exercícios à noite podem causar um sono apenas por exaustão; assim, o indivíduo acaba tendo um sono fragmentado e sem descanso e pode piorar o quadro”, explica.
Por fim, a dica é não ficar sozinho. Ficar próximo dos familiares no período do Natal e Ano Novo pode reduzir drasticamente a sensação causada pela Síndrome, pois a ansiedade gera pensamentos acelerados, não deixando o relaxamento acontecer. “Caso não tenha família, vale procurar amigos, colegas de trabalho e atividades de lazer”, finaliza Myriam.