16/01/2025 - 11:59
As ações da Azul e Gol abriram em forte alta nesta quinta-feira, 16, na B3, após o anúncio de que as empresas assinaram um memorando de entendimentos para uma possível fusão.
+CEO da Azul: Se tiver oportunidade de fusão com Gol ou outra, ‘claro que vamos buscar’
As ações da Azul subiam 7% às 10h30, mas a alta desacelerou e os papéis fecharam com valorização de 3,8%. Já as ações da Gol abriram em alta de 10,4% e fecharam em alta de 5%.
Com isso, os papéis AZUL4 lideram as altas do Ibovespa – que opera no vermelho, aos 122 mil pontos -, já que a Gol está fora do índice.
Na véspera, em fato relevante, as aéreas anunciaram um acordo não vinculante com o objetivo de explorar uma combinação de negócios.
+Azul e Gol selam acordo para possível fusão e citam ‘rotas complementares’
O diálogo sobre uma eventual fusão já havia sido iniciados anteriormente e, em 2024, se intensificaram, com o suporte de consultorias financeiras e jurídicas. Ainda na última semana a Azul havia dito que que as conversas ‘seguiam evoluindo’.
A fusão entre Gol e Azul resultaria em uma gigante com uma fatia de cerca de 60% do mercado brasileiro.
“Essa combinação de forças proporcionaria a oportunidade de fortalecer o setor, aumentando o número de voos oferecidos, alcançando mais de 200 cidades atendidas no Brasil e a capacidade de competir em um setor altamente globalizado”, disse o CEO da Azul, John Rodgerson, em nota.
Mesmo com a fusão, ambas as marcas seguiriam operando independentemente. Rodgerson seria o CEO da empresa resultante, ao passo que a presidência do Conselho de Administração ficaria com a Gol/Abra.
A operação ainda depende do sucesso da Gol em seu procedimento de Chapter 11 – como é chamada a recuperação judicial nos EUA.
A fusão ainda dependerá de aprovação de órgãos reguladores, tanto do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) quanto da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Analistas do UBS-BB citaram que a administração da Azul se mostrou ‘muito positiva’ acerca do acordo, com as sinergias gerais – especialmente do lado da receita.
“[Em teleconferência] a empresa citou melhores capacidades de reserva, gestão de frota entre rotas, benefícios fiscais, operações de carga e receitas auxiliares como potenciais fontes de sinergia. Além disso, sinergias de custos também podem ser esperadas na visão deles, vindas de combustível (a Azul tem menor custo)”.
“As sinergias totais (receitas+custos) vistas em fusões e aquisições anteriores mostram uma mediana de +6% (a administração da Azul espera um dígito alto em termos de sinergias, a serem implantadas principalmente nos primeiros dois anos após o acordo)”.
Azul e Gol podem ter ‘caminho sinuoso’, diz Santander
Analistas da research do Santander, que tem recomendação neutra para AZUL4 com preço-alvo de R$ 6, apontam que a ‘transação melhorará significativamente o cenário competitivo da indústria aérea brasileira’.
Apesar disso, apontam que será ‘um caminho longo e sinuoso’ até que as sinergias sejam alcançadas (olhando para back office, esforços comerciais conjuntos, negócios de fidelidade, negócios de carga).
“Mais especificamente, acreditamos que a nova empresa sofreria em algumas frentes, como integração de frota, dado o uso de diferentes aeronaves pelas empresas em fusão (o que implicaria em falta de sinergias quando se trata de treinamento de pilotos, mecânicos de aeronaves, centros de manutenção, entre outros). Além disso, continuamos a ver um ambiente macro pouco inspirador para as companhias aéreas brasileiras, com incertezas ainda permeando e preços do petróleo em alta”, diz a casa.
Ministro diz que fusão entre Azul e Gol pode reduzir preço de passagem
O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (foto), disse que a possibilidade de fusão entre duas das três grandes companhias aéreas que operam no Brasil poderá ser positiva para o país, inclusive no sentido de evitar aumento de tarifas, já que resultariam na diminuição do número de assentos não ocupados das aeronaves.
A afirmação foi feita nesta quinta-feira (16), em Brasília, durante café da manhã com jornalistas.
Costa Filho afirmou que, para se efetivar, a fusão precisará, ainda, da aprovação do Cade.
“Temos também a Anac e a imprensa fazendo papel de fiscalização. Acredito que o Cade não vai permitir movimento errado nesta fusão. Mas vamos aguardar”, argumentou o ministro ao garantir que não serão permitidos, por estes órgãos, aumentos abusivos nos valores cobrados por passagens aéreas.
Conforme dados do Status Invest, o valor de mercado da Azul é de R$ 1,6 bilhão, ao passo que a Gol vale R$ 765 milhões.