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Nos Estados Unidos, leilões de carros antigos chegam a reunir uma legião de aficionados. O mais recente, que aconteceu entre os dias 12 e 20 de janeiro, em Scottsdale, no Arizona, por exemplo, reuniu mais de mil modelos de carros de coleção. Para essa turma de fãs, desfilar em uma reluzente Mercedes-Benz 220S 1959, ouvir o ronco de um Jaguar Mark V 1952 ou acelerar um Dodge Challenger 1970 não tem preço. Mas conservá-los custa caro. Por isso, os estrangeiros, principalmente os americanos, encontraram uma maneira de baratear essa paixão. Eles estão trazendo suas relíquias sobre quatro rodas para ser reformadas ou personalizadas no Brasil. ?A mão-de-obra de um projeto bem elaborado nos Estados Unidos chega a custar três vezes mais?, afirma o ex-piloto de Fórmula-1 Tarso Marques, dono da TM Concept, oficina especializada em customização de carros e motos, localizada em Curitiba.

O processo para importar o carro é bem mais simples do que se pensa. Basta pagar uma taxa de admissão temporária, que custa cerca de US$ 1,5 mil, para manter o veículo no País por um período de até um ano.

A maioria das peças também é trazida de fora. Na ponta do lápis, sai mais em conta. TM Concept, por exemplo, acabou de fechar os projetos de customização de um Dodge Challenger e um Plymouth Barracuda, ambos fabricados em 1970, com dois colecionadores americanos. Ao final de seis meses, as duas reformas, com mão-de-obra, peças, taxas e impostos inclusos custarão entre R$ 600 mil e R$ 800 mil cada. ?Nos Estados Unidos, os mesmos projetos custariam US$ 800 mil?, compara Marques. No caso do Challenger, o bólido será transformado em um carro de corrida e receberá um motor V10 de 600 cavalos de potência, suspensão independente nas quatro rodas e ganhará um design moderno.

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TRANSFORMAÇÃO: o Buick Riviera 1973 (à esq.) levou 45 dias para ser reformado e custou R$ 350 mil

Enquanto alguns donos de carro preferem dar uma incrementada no visual, outros optam pela reforma fidedigna. A oficina Phoenix Studio, localizada em Curitiba, também está ganhando com os estrangeiros. Até o final do mês, ela receberá um Rolls Royce Corniche 1978 de um empresário da Flórida. Durante oito meses, o carro passará por funilaria, revisão na parte mecânica, restauração nas áreas cromadas e ainda será pintado. ?É uma boa oportunidade para exportar o meu trabalho?, comemora Marcus Conte, dono da empresa. ?A minha hora custa R$ 80, as oficinas americanas cobram US$ 90?, revela Luiz Fernando Baptista, dono da Batistinha Garage, uma das mais badaladas do Brasil.

Isso, de fato, seduz os americanos. Mas eles acabam descobrindo o mercado brasileiro por meio da propaganda boca a boca. Depois de reformar uma Mercedes-Benz modelo Coupe 220S 1959 de um empresário americano que atua no setor da construção civil, a oficina paulistana Premium Garage recebeu vários telefonemas de estrangeiros. ?Todos por indicação desse empresário?, diz Nelo Bini Júnior, proprietário da oficina. Desses contatos, surgiram outros trabalhos. ?Reformamos mais um Jaguar Mark IX 61 e um Buick 57.? De carona em carona, as oficinas brasileiras vão conquistando espaço.