Fruto de controvérsias e confusão pelo público, a chamada “janela anônima” que o navegador Chrome, do Google, disponibiliza, já vem sendo questionada pelos próprios funcionários da companhia de tecnologia norte-americana há muito tempo, de acordo com documentos de processos que pedem indenizações bilionárias por invasão de privacidade.

Em um dos processos, que corre no Estado do Texas, o promotor Ken Paxton afirmou que o Google coleta dados dos usuários enquanto eles pensam que estão navegando de forma anônima ao escolher esse modo de navegação no Chrome.

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Além do Texas, existem processos em Indiana, no Estado de Washington e no distrito de Columbia sobre o mesmo tema, mas cujo argumento central é basicamente o mesmo: que o Google teria enganado seus usuários com esse modo de navegação e invadido as suas privacidades ao coletar seus dados quando eles achavam que estavam navegando de forma “totalmente anônima”.

Bilhões em jogo

Outro processo, no entanto, é ainda mais importante. Isso porque em Oakland, na Califórnia, um juiz irá decidir se dezenas de milhões de pessoas podem se reunir como parte de um processo contra o Google por usarem o modo anônimo e terem seus dados coletados.

Cada usuário pode conseguir reparações por danos à privacidade que variam entre US$ 100 e US$ 1.000 por violação, o que pode levar a um cálculo final de bilhões de dólares caso o Google seja de fato condenado em juízo.

Apesar do enorme prejuízo potencial, o Google nega ter agido de má-fé. “Os controles de privacidade estão incorporados há muito tempo em nossos serviços e incentivamos nossas equipes a discutir ou considerar constantemente ideias para melhorá-los”, disse o porta-voz Jose Castaneda em nota.

Apesar disso, documentos do processo apontam que os próprios funcionários do Google sentiam frustração em relação à ferramenta, inclusive comentando esses sentimentos com outros colegas.

Em uma conversa por e-mail entre engenheiros do Google em 2018, um deles afirmou que eles deveriam parar de chamar o modo de “anônimo” após mostrar uma pesquisa indicando que os usuários não compreendiam o que seria um modo privado de navegação.

Além disso, ele também citou que o ícone que aparece quando a aba aberta (e que lembra um espião, com chapéu e óculos peculiares) e a mensagem “Você entrou no modo de navegação anônima” também contribuíam ainda mais para confundir os usuários.

Esse e outros e-mails fazem parte do conjunto de evidências apresentadas no processo que acusa o Google de confundir os usuários deliberadamente e tirar proveito disso.

Para o Google, é senso comum que o modo de navegação não torna a pessoa invisível ao navegar, sendo que os usuários concordam com o compartilhamento de dados.